🧠 pensando bem
reflexões que me ocorreram essa semana
As minhas apoiadoras do Parthenon já sabem: eu sou a pessoa que, numa hora, está tendo altas reflexões filosóficas sobre o sentido da vida e, no minuto seguinte, estou comentando alguma notícia bizarra desse mundinho da internet.
Poderia dizer que sou uma pessoa com interesses diversos e peculiares, que adora olhar para o mundo com um certo distanciamento, tentando entendê-lo, como se fosse uma civilização alienígena que acabei de conhecer.
E nessas observações, uma das coisas que mais me chama a atenção é o fenômeno dos coachs do absurdo.
◾
Acredito que o nome é bem autoexplicativo, mas, para que não reste dúvida, digo que coach do absurdo é aquela pessoa que, com boa oratória, mas um conteúdo raso como um pires, faz fama na internet “solucionando a vida das pessoas”.
O coach do absurdo sabe de tudo, tem resposta para qualquer problema, de qualquer pessoa, em qualquer circunstância, e mostra isso com uma autoestima de dar inveja.
Mas, mais impressionante que os coachs são as pessoas que o procuram.
◾
Estamos todos perdidos?
A profissão dos coachs não é nova. No mundo empresarial e musical, há tempos já existia aquele profissional que, tendo certa experiência e conhecimento na carreira, auxiliava os profissionais mais jovens em busca de crescimento na sua área. Até aí, tudo bem.
Porém, numa época marcada pelas possibilidades simultâneas quase infinitas e pela instabilidade constante, os coachs saíram do campo profissional para se tornarem “life coachs” (treinadores de vida), dizendo o que as pessoas devem fazer se quiserem ser felizes e bem-sucedidas.
Mas em que momento nós perdemos a capacidade de avaliar opções e escolher com autonomia? Minha hipótese:
Diante de possibilidades potencialmente infinitas, nós paralisamos. Quanto mais opções temos, mais inseguros nos sentimos em escolher um caminho. Então, buscamos o conforto de abrir mão da escolha. Como crianças, buscamos o adulto responsável para nos tirar das enrascadas em que nós mesmos nos metemos (ou nas quais a vida nos meteu). Então, torcemos com uma fé quase cega para que ele saiba o que está fazendo e cure nosso joelho ralado com um beijo carinhoso e a promessa de que tudo vai ficar bem.
◾
Quem dera fosse tão fácil!
(In)felizmente, a filosofia me fez abandonar essas falsas esperanças e me mostrou o caminho árduo, mas recompensador que é fazer da vida uma obra de arte:
Do mesmo modo que a matéria da carpintaria é a madeira; a da estatuária, o bronze; assim também a matéria da arte da vida é a vida de cada um. (Epicteto, Diatribes 1.15.2)
Na vida, nós somos Davi e Michelangelo; Monalisa e Leonardo DaVinci, Aquiles e Homero. Somos criadores e criaturas, e seria uma pena ceder nossos pincéis, canetas e cinzéis a qualquer um que não tem a visão do artista de sua obra pronta.
🔎 curadoria
conteúdos legais que eu vi, li ou ouvi e recomendo
📖 Resposta à pergunta: o que é o esclarecimento?, do filósofo Immanuel Kant é um chamado à maioridade e a assumir o seu papel como artista da vida.
💬 Se você quiser continuar essa conversa nos comentários, eu vou adorar. Como você faz da sua vida uma obra de arte?
📱 você viu?
resumo das redes
Na segunda, dia 04/03, às 20h, eu vou oferecer a aula aberta Orgulho e Preconceito: uma introdução. É a abertura da leitura coletiva que acontece no mês de março para as apoiadoras do Parthenon, mas você pode participar da abertura gratuitamente.
Vou falar sobre a biografia de Jane Austen e o mundo de Orgulho e Preconceito, como chaves para enriquecer o entendimento da obra. Muitas fritações garantidas!