Esta é a terceira parte de uma série de 4 posts sobre saúde mental e tecnologia. Você pode ler as anteriores aqui:
#65 | É TDAH ou seu cérebro está superestimulado?
#66 | Estamos mais solitários?
🧠 pensando bem
reflexões que me ocorreram essa semana
Começou o BBB e, apesar de não assistir o programa (nada contra quem assiste, ok?), as notícias costumam furar a bolha e chegar a mim.
Uma (ou duas) dessas notícias me chamaram a atenção no contexto do tema desse mês sobre saúde mental: os famosos anônimos ou anônimos famosos.
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Os participantes do Big Brother, nas últimas edições, podem ser anônimos (os pipocas) ou famosos (os camarotes). Mas, no mundo das redes sociais, quem é realmente famoso? E o que a fama pode fazer com a saúde mental?
Primeiro, o cantor famoso nos anos 90, não foi reconhecido por todos os participantes da casa como um participante do camarote. Depois, uma participante que tem milhões de seguidores no TikTok, sofreu para lidar com seu “anonimato” diante das outras pessoas da casa.
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A fama é uma bolha
Antigamente, famoso era quem estava na novela ou no cinema. Hoje em dia, na era das redes sociais, é perfeitamente possível que uma pessoa tenha mais audiência que programas de tv.
E aí, surgem as bolhas de fama: bolhas de tempo e bolhas de nicho. Belas e brilhantes por um tempo, mas tão frágeis que logo explodem.
Basta pensar em quantos atores e atrizes famosos da década de 80 ou 90 que simplesmente desapareceram e ninguém ouve mais falar deles. Ou ainda, pense em quantos influenciadores têm milhões de seguidores e você mesmo nem fazia ideia de quem são até pouquíssimo tempo, como no caso da participante do BBB. De alguns, talvez, você nunca fique sabendo.
São os famosos anônimos.
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A distorção das bolhas
Assim como nas bolhas de sabão, a imagem que as bolhas da internet mostram é uma imagem distorcida: ela parece a realidade, mas não é totalmente fiel à ela.
A bolha da fama infla egos e afeta identidades; faz a pessoa se enxergar pelos olhos de seus seguidores ou de seus haters (às vezes, os dois são a mesma pessoa), estica os limites do humano, já que ídolo não é gente, é uma entidade distante, quase sobrenatural.
Ao mesmo tempo, surgem, aqui e ali, documentários sobre “a vida real” dos nossos ídolos de ontem e de hoje: Xuxa, Angélica, Luísa Sonza. Sim, elas ficaram ricas e famosas, mas a que custo?
E por que nós ansiamos tanto pagar esse preço? Por que cobramos de quem dizemos admirar que eles sejam quem não são?
Será que é hora de furar essas bolhas?
🔎 curadoria
conteúdos legais que eu vi, li ou ouvi e recomendo
🎬 Se você gosta de saber sobre a história da internet, este vídeo vai te convidar a uma viagem no tempo, de como a internet quase “quebrou”.
📖 Finalmente, temos uma boa tradução das Meditações de Marco Aurélio, trazida a nós pela Penguin-Companhia das Letras. Ótimo livro de alguém que lutou a vida inteira para não se deixar seduzir pela fama e pela vaidade.
🎧 No Podcast O assunto, Natuza Nery comentou sobre a lei do cyberbullying para proteção de crianças e adolescentes.
📱 você viu?
resumo das redes
No Instagram, compartilhei uma citação de Torto Arado (releitura desse mês) e uma apresentação das Meditações de Marco Aurélio.
No YouTube do Estoicismo Antigo, eu vou promover uma leitura conjunta gratuita do livro Sobre a brevidade da vida, de Sêneca, por meio de uma série de vídeos. Aqui você confere os detalhes desse evento.
Tava discutindo isso ontem com meu esposo. Estou sem usar rede social então não fazia ideia de tudo isso, aí ele comentou comigo e fui ver os vídeos do Ricardo Ventura do “não minta pra mim”. Nossa surreal tudo isso, essa era que estamos vivendo, famosos com 40 milhões de seguidores e saúde mental totalmente ferrada, o ego mais inflado que um balão. Doentio. Doentio demais ver tudo isso. O quanto a opinião pública pode literalmente ferrar com a vida de alguém. O cancelamento é algo bizarro. Tô assistindo a série The Morning Show da Apple TV e também retrata isso do cancelamento. A potência que a internet é: faz alguém pequeno se tornar grande do nada, mas também destrói uma vida em segundos.